Por uma vida não fascista

Por uma vida não fascista

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De 24 a 25 de maio Todos os dias das 14h00 às 22h00

Sobre o Evento

Não se apaixonem pelo poder

Gestado inicialmente no percurso da disciplina Desenvolvimento e Movimentos Sociais, o ciclo de debates “Por uma vida não fascista” procura ouvir e fazer circular as vozes que ecoam dos movimentos negro, indígena, LGBT, estudantil, dos trabalhadores, dos sem-terra e sem teto etc. Para além de uma ação pedagógica, o evento se propõe a proliferar as vozes anônimas que têm muito a nos dizer sobre a relação entre política, poder e resistência.

Considerando um conjunto de perspectivas teóricas agrupadas nos “Novos Movimentos Sociais”, os quais enfatizam a cultura como elemento primordial para a ação social, indagamos “o que somos e o que podemos hoje, no interior ou diante das insurgências?”. Neste sentido, destacamos a dimensão política e ética das relações microssociais constitutivas dos sujeitos tanto no cotidiano quanto nos devires revolucionários.

O título do evento foi retirado do prefácio que Michel Foucault escreveu à versão americana do livro “O Anti-Édipo” de Deleuze e Guattari, no qual ele definiu a obra como uma introdução à vida não fascista. Deleuze e Guattari identificam o maior adversário das formas de vidas contrárias ao fascismo. O inimigo seria “não somente o fascismo histórico de Hitler e Mussolini — que soube tão bem mobilizar e utilizar o desejo das massas —, mas também o fascismo que está em todos nós, que ronda nossos espíritos e nossas condutas cotidianas, o fascismo que nos faz gostar do poder, desejar essa coisa mesma que nos domina e explora”.

Trata-se aqui de um esforço por saber como livrar nossos discursos, atos, corações, prazeres, comportamentos de todas as formas de fascismo, já instaladas ou próximas de sê-lo. E com o propósito de banir desde aquelas formas colossais do fascismo até mesmo as formas miúdas que tiranizam nossas vidas cotidianas. Um dos princípios essenciais é não se apaixonar pelo poder. E acrescentemos: é preciso desmontar essa máquina de adestramento fazendo proliferar as vozes que vem de outros lugares, nos impelindo a reinvenções éticas, políticas e acadêmicas.

Programação

14h00 Abertura: por uma vida não fascista Abertura
Local: Sala 224

É preciso uma arte de viver contrária a todas as formas de fascismo: desde as sutis dominações da Razão até os violentos rascismos de Estado. Talvez tenhamos que interromper o fio da história e suas longas cadeias de razões, para que um homem possa, “realmente”, preferir o risco da morte à certeza de ter de obedecer. Mas certamente temos que desestabilizar e sabotar a "máquina capitalística", esta que esfumaça e desertifica todas as artes de viver para fazer funcionar unicamente as regras do Mercado.

Org.: Augusto Bozz e Deyvisson Costa.

14h30 Quilombolas nas Universidades: Sujeitos ou “objetos” de pesquisa. Mesa-redonda
Local: Sala 224

Desde criação das ações afirmativas nas universidades o número de estudantes quilombolas teve um acréscimo significativo. Os motivos pelos quais estamos acessando são inúmeros, podemos acrescentar aqui o descaso do poder público em relação a políticas públicas voltadas as comunidades espalhadas pelo Brasil. Sendo assim, ter uma formação acadêmica para as estudantes quilombolas ultrapassa um título superior ou acréscimo salarial. O desejo é levar os direitos que foram negados pelo poder público saúde, educação e melhores condições de moradia. Esses corpos que transitam nas universidades alteram o cenário acadêmico, e ao mesmo tempo leva a vários questionamentos um deles é: Por que tanto tempo os professores doutores pesquisando uma determinada comunidade, esse sujeito nunca trouxe de fato melhorias para as comunidades? Enfim, são questionamentos necessários para pensamos uma educação plural.

Convidadas:

Laísa Da Silva Santos | militante da comunidade Kalunga de Cavalcante-GO e aluna de Ecológia e Análise Ambiental.

Marta Quintiliano | militante da da Comunidade Vó Rita do quilombo urbano de Trindade e mestranda em Antropologia Social

19h00 Roda de conversa com o Coletivo Feminista da UFMT/CUA Mesa-redonda
Local: Sala 224

O Coletivo Feminista da UFMT/CUA debaterá temas relativos a ampliação do papel e dos direitos das mulheres na sociedade e, sobretudo, na universidade. Numa reinvenção ética e identitária de si, as ativistas relatarão suas experiências de vida: as humilhações, os assédios, as exclusões, as violências e as dominações que sofrem dia-a-dia dentro e fora do campo acadêmico, de modo a sensibilizar e erradicar as práticas fascistas que nos cercam.

14h15 Desculpe, estamos 'ocupados': resistência e transformação social nas ruas, escolas e trabalho em Goiás Mesa-redonda
Local: Sala 224

Um reflexão sobre as lutas sociais goianas de 2013 à 2018 com ênfase na luta contra o aumento das passagens, ocupações de escolas e universidades e experimentos de luta nos locais de trabalho.

Convidados:

Matheus Alvez | Mestrando em História pela Universidade Federal de Goiás.

Victor Hugo | Técnico Administrativo da Universidade Federal de Goiás.

19h00 Indígenas nas Universidades: Ações Afirmativas e Descolonialidade do Saber Mesa-redonda
Local: Sala 224

Os movimentos sociais negros e indígenas alcançaram inegáveis conquistas e avanços com a Lei de Cotas (LEI 12.711/2012), que reserva vagas nas Instituições de Ensino Superior públicas brasileiras para segmentos sociais historicamente excluídos, combinando a frequência na escola pública, etnia e renda. Mas Ações Afirmativas nas Universidades vão muito além da reserva de vagas. É preciso pensar a diversidade em suas formas de ensinar e como incluir não somente o estudante, mas os saberes ancestrais que este traz consigo. É possível ensinar de uma maneira que transforme a consciência, se sensibilize para a diferença e seja verdadeiramente libertadora?

Convidadxs:

Bruno Kambeba Anaquiri | indígena do povo Kambeba do Estado do Amazonas e estudante do curso de Direito da Universidade Federal de Goiás .

Sckarleth Martins | jornalista doutoranda em Antropologia Social da Universidade Federal de Goiás.

20h00 Lançamento de livro Venda de Livros
Lançamento de livro
Local: Sala 224

Lançamento do livro Ser Semente: mulheres A'uwe, corpos políticos e solidariedade ecológica em Marãiwatsédé.

Autores:

Sckarleth Martins, Suely Henrique de Aquino Gomes e Deyvisson Pereira da Costa.

20h30 A parresía e o pensamento libertário: exercer em sua vida e por sua vida o escândalo da verdade Conferência
Local: Sala 224

Parresía é o termo grego que designa "fala franca", afirmação corajosa ou a coragem de dizer a verdade diante de uma situação de risco. A parresía é a consequência de um modo de vida, de uma ascese (exercício) que permitia aos gregos a capacidade de viver conforme seus preceitos. Uma existência corajosa é a condição para a fala reta: desavergonhada, na pobreza, em militância, conforme a natureza, mesmo que colocada sobre a ameaça de morte. Trata-se de uma arte de se conduzir, uma maneira de se portar, de viver. Hoje, mais do que nunca, a parresía entendida como arte de se conduzir surge como um caminho à vida não fascista. Pois numa cultura em que os idealismos empedernidos fazem da mentira a forma de vida, o processo da verdade depende da existência de pessoas suficientemente agressivas e livres (‘descaradas’) para dizer a verdade.

Conferencista:

Suely Henrique de Aquino Gomes | professora titular da Faculdade de Informação e Comunicação da Universidade Federal de Goiás.

Local

UFMT - 78600-000, Avenida Valdon Varjão, Barra do Garças, Mato Grosso,
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Organizador

Disciplina Desenvolvimento e Movimentos Sociais

Disciplina Desenvolvimento e Movimentos Socais - ICHS/CUA